domingo, 27 de junho de 2010


Eu cismava; o jardim se revela de súbito
E fere de uma vez minha ardente pupila.
Para ele volto o olhar com prazer deslumbrado;
Riso, frescor, candura, idílio do verão!
Tudo me excita, agrada, um êxtase me afoga,
Avanço e me detenho e penso que a alegria
Estava neste arbusto e salta no meu peito!
Eu transbordo de amor, de elã e de perfume,
E no meu corpo o azul de tal modo se envolve
Que, ao meu surpreso olhar, parece de repente
Não ser o prado que floresce, mas meus olhos,
E se eu quisesse, sob a pálpebra fechada,
Eu poderia ainda ver o sol e a rosa.
Anna de Noailles

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