sexta-feira, 9 de julho de 2010


Faz tres meses que está morto o homem que eu amava. Antes, mal ou bem, eu amava a vida, porque nós a tinhamos em comum. Antes, eu amava a vida, mesmo sabendo tudo o que já sabia, uma vez que, na imensidão do vazio, lá estava ele sorrindo. Hoje meu querido é um fantasma, uma lembrança. Ainda nele penso todos os dias, a cada minuto, a cada segundo... Constancia absurda. Posso viver o quanto quiser, se é que a gente pode chamar isso de vida, posso transar o quanto quiser, e sair... Eu ainda penso nele. Olho as pessoas, seus passos que as levam para uma finalidade ausente... E, no fundo de mim mesma, sua imagem que me assombra. Eu o conhecia melhor que ninguem. (...) Ele morreu e mais nada faz sentido pra mim. Encaro o futuro como uma eternidade de provações e fastio. Minha covardia me impede de por fim aos meus dias. Vou continuar a sair, a cheirar, a beber e a perseguir os babacas. Até que eu morra. A humanidade sofre. E eu sofro com ela.

Lolita Pille.

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