quarta-feira, 16 de novembro de 2011


─ Acho que é hoje ─ ela disse. ─ Agora ─ completou, com a voz mais forte, tocando-lhe o braço, porque ele é um homem distraído.
Sim, distraído, quem sabe? Alguém provisório, talvez; alguém que, aos 28 anos, ainda não começou a viver. A rigor, exceto por um leque de ansiedades felizes, ele não tem nada, e não é ainda exatamente nada. E essa magreza semovente de uma alegria agressiva, às vezes ofensiva, viu-se diante da mulher grávida quase como se só agora entendesse a extensão do fato: um filho.


Cristovão Tezza, in “O filho eterno”

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