sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Olhos oblíquos.

Os dois se olhavam e não sabiam o que fazer. A sensatez de ambos pedia-lhes que se afastassem, seguissem com seus caminhos, seguissem com sua vidas, levando o outro apenas nas lembranças, em uma melodia ou imagem qualquer. Mas ambos queriam permanecer ali, e dali só sair com as mãos atreladas fielmente, prontos pra afrontar o que quer que fosse. A coragem da adolescência. Já dizia Machado de Assis, que 'aos 15 anos tudo é uma eternidade'... Aos 17 também. Mas, havia algo errado ali. A cena não estava escrita corretamente. Deveriam enfrentar. Poderiam passar por cima de toda a sensatez e lucidez e arriscar! Sim, experimentar, tentar, viver de verdade. E eu, que de longe observava a cena, a procura de respostas para perguntas que agora me assombravam todas as noites, perguntei-me que diabos estavam fazendo, despedindo-se tão formalmente. Vi a garota dar adeus ao rapaz, com um aceno rápido e um olhar elusivo. O vi retribuir da mesma forma. A garota deu as costas e seguiu seu caminho, vi uma lágrima escorrer discretamente pela sua face, morrendo em seus lábios. O garoto, não se permitiu chorar, mas a frustração estava presente em seu olhar e no soco que dirigiu a parede em sua frente. Agora, eu via. E tinha todas as respostas, e as novas perguntas. A garota era eu. A cena, era minha reminiscência. A falta de coragem era de ambos. O arrependimento também.

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