sábado, 8 de agosto de 2009

Eu costumava ler as folhas secas aninhadas pelo chão. Era como adentrar a história de alguém que foi feliz um dia. Era como colher as últimas lembranças de quem a vida desprezou. Um coração violado precisa às vezes trocar a fechadura. O amor nem sempre encontrará seu destino. Hoje posso ver folhas secas vagando solitárias pelas ruas, percorrendo a lentidão das calçadas nuas. Mas a secura dessas que encontro não está na superfície, não reside na pele. Está na seiva que deveria nutri-las, entranhada na alma que deveria sustentá-las. São ruínas sempre à espera do próximo tufão. São folhas pelo desejo preenchidas, por vontade ressequidas na fornalha da paixão. Nada mais há para se ler. São histórias confinadas em cartas que a voz do vento espalhou. O último toque: eterno alento de quem pretendeu amar para sempre.

Luiz Santos.

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