terça-feira, 17 de novembro de 2009

“O tédio já não é o meu amor. As cóleras, a libertinagem, a loucura, - dos quais conheço todos os impulsos e todas as conseqüências – todo o meu fardo está deposto. Apreciemos sem vertigem a extensão de minha inocência. Já não serei capaz de implorar o consolo de uma bastonada. Não me acredito a caminha de umas núpcias com Jesus Cristo por sogro. Não sou prisioneiro de minha razão. Disse: Deus. Quero a liberdade na salvação: como alcançá-la? Os gostos fúteis abandonaram-me. Jánão preciso de sacrifícios nem de amor divino. Não tenho saudades do século dos corações sensíveis. Cada um tem sua razão, desprezo e caridade: retenho meu lugar no alto desta angélica escala de bom senso. Quanto à felicidade estabelecida, doméstica ou não... não, não posso. Estou demasiado gasto, demasiado débil. A vida floresce pelo trabalho, velha verdade: quanto a mim, minha vida não é suficientemente pesada, voa e flutua distante, por cima da ação, esse adorado eixo do mundo."

(Arthur Rimbaud)

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