quinta-feira, 28 de janeiro de 2010



Ha uma mulher no poema que me conhece. Que entende as falas dos meus personagens e dialoga com eles. Ela não teme meus movimentos bruscos, minha soltura nas mãos incapazes de reter o contido. Perdoa-me dos enganos, das risadas fora de hora. A mulher no poema me excita com a voz. Me excita quando depois de me contar uma historia me pergunta: – Você me entende? – Pra depois sorrir porque sabe que eu parei de prestar atenção nas palavras, no exato segundo que ela começou a mover os lábios graciosamente. Sabe que não foi descaso. Sabe o quão sonhador sou. Descobriu que sou tarado por bocas, por lábios, por olhos, bochechas, por covinhas. Se realiza na minha solicitude. Ha uma mulher no poema de passos serenos, mas de ideais firmes. Não quer me provar nada só precisa de amor. Pra adocicar sua jornada. Que escolhe homem a unha. Enfrenta fila e trem lotado. Cria filhos em aperto, mas de noite dança em minhas fantasias. Que não precisa de ninguém pra escolher um vestido, um perfume ou um sonho. Não precisa, mas pede pra compartilhar. Pergunta, pra nos fazer importantes. Ha mulher no poema, QUE ainda não me conhece. E eu preciso crescer para ela. Para merecê-la além do papel. Para um plágio de sua pele num poema de curvas.

Leometáfora.

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