quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010















"Civilizado, para mim, é aquele artesão que se recria
no objeto e ao mesmo tempo passou a ser eterno,
pois o abandonou o medo de morrer. Civilizado também aquele
que combate e se troca pelo império. Mas estoutro embrulha-se
sem benefício no luxo comprado nas casas dos mercadores.
Se não criou coisa alguma até hoje, de nada lhe serve
alimentar o seu olho de perfeição. Sei dessas raças abastardadas
que deixaram de escrever os poemas e apenas os lêem,
que deixaram de cultivar o solo e passaram a apoiar-se nos
escravos. É contra eles que as areias do Sul preparam eternamente,
na sua miséria criadora, as tribos ardentes que hão
de subir até aqui, para a conquista das provisões mortas. Não
amo os sedentários do coração. Aqueles que não trocam nada
jamais se tornam coisa alguma. E a vida não terá servido
para os amadurecer. E o tempo corre por eles como o punhado
de areia, e perde-os. Que hei de remeter a Deus em nome
deles? "

-Cidadela.

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