quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

 

É meu este poema ou será de outra?
Sou eu esta mulher que anda comigo
E renova a minha fala ao meu ouvido
Se não fala de amor, logo se cala?

Sou eu que a mim mesma me persigo
Ou é a mulher e a rosa escondidas
(Para que seja eterno o meu castigo)
Lançam vozes na noite tão ouvidas?

Não sei. De quase tudo não sei nada.
O anjo que impulsiona o meu poema
Não sabe da minha vida descuidada.

A mulher não sou eu. E perturbada
Arosa em seu destino, eu a persigo
Em direção aos reinos que inventei.

- Hilda Hilst.

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