segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Mente de macaco,



Como a mair parte dos humanóides, carrego o fardo daquilo que os budista chamam de “mente de macaco” – pensamentos que pulam de galho em galho, parando apenas para se coçar, cuspir e guinchar. Desde o passado remoto até o futuro desconhecido, minha mente fica pulando a esmo pelo tempo, tendo dúzias de idéias por minuto, descontrolada e sem disciplina. Isso, em si, não é necessariamente um problema; o problema é o apego emocional que acompanha o pensamento. Pensamentos felizes me tornam feliz, mas – vupt! – com que rapidez torno a me prender a preocupações obsessivas, estragando a felicidade; e então basta a lembrança de um momento de raiva pra eu começar a ficar exaltada e brava de novo; então minha mente decide que aquela pode ser uma boa hora para começar a sentir pena de si mesma, e a solidão não demora a chegar. Afinal de contas, você é o que você pensa. As suas emoções são escravas dos seus pensamentos, e você é escravo de suas emoções.
O outro problema de toda essa pulação pelos galhos do pensamento é que nunca está onde está. Você está sempre remoendo o passado ou especulando sobre o futuro, mas raramente pára no momento presente. É um pouco como o hábito da minha amiga Susan, que – sempre que vê um lugar bonito – exclama, quase me pânico, “Que lindo isto aqui! Quero voltar aqui algum dia!”, e preciso lançar mão de todo o meu poder de persuasão para tentar convence-la de que ela já está lá.

Elizabeth Gilbert in “Comer, Rezar, Amar”

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