quinta-feira, 18 de março de 2010

Eu queria que desaprendesses. Que faltasses na escola. Que não fosse carnaval. Que as tuas sandálias rompessem. Que teus confetes fossem todos de uma cor. Que a tua lancheira trouxesse vinho de manhã. Que esse teu amor fosse um segundo. Um lampejo do delírio no avexo, e eu trouxesse o verdadeiro, o imorredouro. Então queria que teu nome fosse amora. Que eu deitasse ao teu lado sem sentir o tempo. Queria que tu me beijasses e me roubasses alguma saudade. Que eu de longe te cheirasse. Que tua voz fosse uma espécie de radar biônico para que eu não pudesse mais duvidar. Que eu te esperasse na terça, e nos dias da semana que sobrassem. Que eu fosse um poeta, mesmo que caduco, só para te ninar. Eu queria tanta coisa. Tanta coisa ao seu lado. Esses meus últimos anos. Esses meus pensamentos. Eu queria que você acordasse tarde. Que jogasse as rosas no chão e teus pés manchassem com o vermelho o azulejo dos dias. Eu queria que tomasses essa minha revolta por não ter te conhecido antes, por amor. Porque essas tuas mãos trêmulas. Esses teus olhos marejando por essa tua boca cheia de saliva, é o que acontece.
Toda vez que se devora o humano que se esconde dentro de nós.


(Leometáfora)

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