sexta-feira, 9 de abril de 2010

Indalicia,

A minha dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras,arcarias
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural
Os sinos tem dobres de agonias
Ao gemer,comovidos, o seu mal...
E todos têm som funeral
Ao bater horas no correr dos dias
A minha dor é um convento.Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!
Nesse triste convento onde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro
E ninguém ouve...ninguém vê...ninguém.

(Florbela Espanca)

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