segunda-feira, 21 de junho de 2010


[...] e pensei, como é que tem gente que confia tanto em mim assim? Quem era eu? Que gente mais louca e simplória. O que não deixava de ter suas vantagens. É, sim, palavra, pô. Fazia dez anos que vivia sem ter uma profissão. As pessoas me davam dinheiro, comida, teto pra morar. Pouco me importava se me supunham burro ou gênio. Eu sabia perfeitamente quem eu era. Nenhuma das duas coisas. O que levava as pessoas a me darem presentes não interessava. Aceitava e recebia sem a menor sensação de vitória ou/ e coerção. Só partia do pressuposto de que não podia pedir nada. Ainda por cima, tinha aquele disquinho a girar no meu crânio, tocando sem parar a mesma música: não força a barra, não força a barra. Parecia uma idéia legal.

Charles Bukowski.

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