quarta-feira, 20 de outubro de 2010


Porque tinha suas ausências.O rosto se perdia numa tristeza impessoal e sem rugas.
Uma tristeza mais antiga que o seu espírito.Os olhos paravam vazios;
diria mesmo um pouco ásperos.A pessoa que estivesse ao seu lado sofria e nada podia fazer.
Só esperar. Pois ela estava entregue a alguma coisa misteriosa, infante.
Ninguém ousaria tocá-la nesse momento.
Esperava-se um pouco grave, de coração apertado, velando-a.
Nada se poderia fazer por ela senão desejar que o perigo parasse.
Até que num movimento sem pressa, quase um suspiro,
ela acordava como um cabrito recém-nascidose ergue sobre as pernas.
Voltara de seu repouso na tristeza.
.
(Clarice Lispector)

Nenhum comentário: