quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Cicatrizes de um segredo.

Enquanto abria a porta principal, o reitor indagou ao detetive se ele queria ir direto à sala do cofre. Medeiros respondeu que sim. O detetive andava devagar, observando cada canto à procura de pistas. Sua memória era fotográfica. Se um vaso de flores estava dez centímetros mais para o lado do que a última vez que o viu, ele reparava. Seguiram até o auditório. Dessa vez o quadro estava no lugar. Quando Martim abriu a primeira porta, Medeiros instantaneamente agachou-se diante de um ponto vermelho no chão.
- Pincel atômico. Essa marca não estava aqui ontem.
Martim não ousou duvidar da memória do detetive. Seguiram escada abaixo com cuidado. Abriram a segunda porta e acenderam as luzes. No lado esquerdo da sala havia uma folha de jornal. Medeiros juntou-a e aproximou-se da luz. Havia uma matéria de duas páginas sobre traição. No meio do texto, a palavra ”esmeralda” estava circulada.
- Pincel atômico vermelho novamente – comentou o detetive. O ladrão deve ter deixado cair a caneta lá em cima ou fez aquele ponto propositadamente.
- Eu ficarei maluco com tudo isso. Primeiro aquele desenho a lápis no chão, depois a lâmpada quebrada e o sangue na parede e agora essa folha de jornal. O que isso quer dizer?
- Essas pistas começam a fazer sentido. Raciocina comigo. O rubi e a esmeralda estão claros aqui. Este está circulado no jornal e aquele desenhado na parede. A letra “C” desenhada a lápis no chão representa o diamante.
- Como assim?
- “C” é o símbolo do carbono. Tanto o diamante quanto o grafite são compostos de carbono. O ladrão só não deixou uma pista referente às pérolas ainda. Ele vai voltar.
- Meu Deus!
- Acalme-se. Traga-me a mesa que está atrás da porta.
- O reitor fechou a porta e trouxe a mesa até o centro da sala. Medeiros estava imóvel, olhando fixamente para a porta.
- O que houve? – questionou Martim
- Veja aquilo.
Escrito a giz, atrás da porta, havia a inscrição:

APENAS REPAREI UMA INJUSTIÇA

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