sábado, 12 de dezembro de 2009

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do sonho,e desta sorte
Sou a crucificada, a dolorida.

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida.

Sou aquela que passa e ninguém vê.
Sou a que chamam triste sem o ser.
Sou a que chora sem saber porquê.

Sou talvez a visão que alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!


Florbela Espanca

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